Eu te ofereço cartas roubadas. Escritas em dias frágeis tal como somos nós no escuro. O que te passa na cabeça ao saber que, eu, iletrada em questões de amor, não soube escrever a nossa história corretamente? Era coisa tão sublime como a natureza, saber que o que você me dava eu preferia roubar. O que você falava, eu preferia não escutar. E foi tanto o que você falou. Palavras ditas com tanto empenho e paciência.
Eu não sei se foi o mundo que me fez assim, tão fria. Não sei por que campos, prédios e mares andam minha suave inocência. Não pense que não a procurei. Não pense que não abri mão de conforto e segurança para tentar achá-la novamente. E não pense que a abandonei. Tal como não te abandonei. O único problema é que, amor se doa de pura e livre libertação. E tudo que me dava prazer era roubar. Roubar alegria. Roubar atenção. Roubar fantasia. Roubar renovação.
Assim te dou agora estas cartas roubadas. Cartas que roubei dos meus mais incipientes e felizes dias. Cada letra, cada palavra, é tudo um afeto, mesmo que discreto, pra te provar que, amor, era tudo o que eu sentia e tudo que eu jamais realmente doei. Até o meu amor, eu roubei.