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terça-feira, 6 de abril de 2010

Um pouco de Shakespeare

“Ser ou não ser, eis a questão”. Essa frase, imortalizada por Hamlet, príncipe dinamarquês da peça homônima, é amplamente conhecida aonde quer que seja. William Shakespeare faz parte daquela pequena parcela de escritores que conseguem vencer as barreiras do tempo e tornar-se (por meio de suas obras) imortais. A peculiaridade tanto do fazer poético (sim, caso você não saiba Shakespeare foi exímio sonetista) como no fazer dramático despertam até hoje a curiosidade de admiradores e estudiosos. Mas tal qual a máxima que ilustra este primeiro parágrafo, é inevitável perguntar: quem foi realmente William Shakespeare? Devo ressaltar aqui que não tenho a pretensão de responder de forma exata este questionamento; certamente existem pessoas mais capazes em busca de respostas semelhantes. Mas, vamos em frente.
Shakespeare nasceu em uma pequena cidade (para não dizer vilarejo) chamada Stratford-upon-Avon, na qual viveu boa parte da juventude. Logo se cansou do ambiente rural e buscou vôos mais altos. Não há um consenso de quando William partiu para Londres, tampouco como se iniciou sua carreira literária, mas dizem os historiadores que ele teria participado de trupes teatrais (inicialmente como ator) para sobreviver na dura Londres do século XVI. Obviamente, realizou-se no processo, futuramente escrevendo as obras-primas que conhecemos. Há, no entanto um fato curioso a respeito de seus dados biográficos: durante aproximadamente uma década, não existem registros sobre as atividades do dramaturgo inglês. O que ele teria feito nesse espaço temporal é um completo mistério.
Shakespeare podia ser considerado um homem à frente de seu tempo: o valor de seus escritos literários é tal que se duvida até hoje que eles tenham sido elaborados por apenas uma pessoa (o fato de ele rubricar seus escritos de formas razoavelmente diferentes colabora com esta tese).
No entanto, mais do que o dramaturgo, é a obra que mais fascinou e continua fascinando a todos. Em plena Inglaterra do século XVI, Shakespeare tematiza o amor Romântico (ainda que no teatro) antes mesmo do surgimento do Romantismo como movimento literário, fato que só ocorreria após a publicação de “Os Sofrimentos do Jovem Werther” de Johan Wolfgang Von Goethe; cria comédias cuja riqueza de detalhes e de enredo as eleva a uma categoria válida e preciosa na Dramaturgia (vale lembrar que a Comédia era um gênero popular à época, mas ao qual não era dado o devido valor); transformou sentimentos em palavras na forma dos sonetos shakespeareanos, diferentes quanto à forma e conteúdo.
Apenas palavras minhas tornariam excessivamente tediosa e árida a leitura desse artigo; tomo então a liberdade de citar algumas das passagens do próprio Dramaturgo inglês:

“O amor é feito dos vapores dos suspiros dos apaixonados”.
“Que luz é aquela que vem da janela? É o Leste, e Julieta é o Sol”.
“Se a música é o alimento do amor, não parem de tocar. Dêem-me música em excesso; tanta que depois de saciar, mate de náusea o apetite”.

Tema tarimbado na obra Shakespeariana, o amor foi mostrado, homenageado e sorvido de diversas formas. Em Romeu e Julieta revela-se a intensidade do Amor, tão forte quanto a morte, dramático e sublime; trágico. Em Sonho de Uma Noite de Verão, divertimo-nos observando a inconstância e imprevisibilidade do Amor, suscetível a toda sorte de acasos. Ainda que seja impossível retratar tão sublime sentimento apenas com palavras, William Shakespeare fez tanto quanto um Homem pode fazer para expressar seu apreço ao Amor. Porém engana-se quem pensa que ele teve uma vida amorosa feliz; casou-se ainda jovem com Anne Hathaway, mulher 9 anos mais velha que a ele deu a luz dois filhos; tão inconstante como as próprias paixões que retratava, William parte em busca de novas paixões, renegando o próprio casamento e a família, mostrando como muitas vezes o fim da paixão tem como conseqüência o fim do amor, sendo este tão frágil como um fio de cabelo e (ironicamente) ao mesmo tempo tão forte quanto a morte (que o provem o veneno sorvido por Romeu e a lâmina cruel que vitimou Julieta, os quais mesmo ceifando a vida de ambos, não foi capaz de destruir o amor entre eles, imortalizado na masterpiece shakespeariana). Pois assim é o amor: para que a chama se mantenha acesa, é preciso que ambos os amantes doem do calor de seus corações, de suas almas.
Também a nobreza, a ambição, feitos heróicos e traições são retratados de forma irrepreensível em obras como Otelo, Ricardo III, MacBeth e o Mercador de Veneza. Curiosamente, porém, Shakespeare não foi tão famoso à época como é hoje em dia; naqueles tempos ainda que fosse admirado, perdia em notoriedade para o jovem Christopher Marlowe, favorito de Londres, igualmente talentoso. Entretanto, o tempo confirmou o que anteriormente foi dito: Shakespeare é imortal até os dias de hoje (ao contrário de Marlowe sequer comentado na atualidade); foi realmente um homem a frente de seu tempo...

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