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terça-feira, 8 de junho de 2010

Jean-Pierre (Parte 3)

“Alto, magro por demais, cabelos noturnos e longos cujas pontas tocavam-lhe os ombros, dando-lhe certo ar jovial; sua idade, no entanto, difícil dizer. Rosto fino, apesar dos longos e certamente difíceis dias sob o sol e ao sabor do tempo, que sempre deixa suas marcas na face dos andarilhos errantes. Passava a maior parte do tempo nas imediações de sua humilde residência, freqüentando a ville apenas ao crepúsculo, quando os ciganos armavam suas tendas na praça principal e ouvia-se o ruído de seus instrumentos de cordas e seus cânticos antigos, vindos de lugares que só eles mesmos deveriam saber; perfumes exóticos preenchiam o ar e o mistério dos sortilégios contribuía para emanar a aura mágica das noites de Estrasburgo. Jovens impetuosos cortejavam as damas de seus corações; nobres, sentados nas melhores tavernas, discutiam interesses comuns, negócios e política; crianças travessas brincavam e gargalhavam umas com as outras, furtando docinhos das tendas ou correndo ao redor das jovens donzelas, que como flores em botão, iam desabrochando à medida que o tempo passava alcançando a vida adulta. Sua silhueta alta e magra encaixada num pequeno espaço entre duas tendas, onde ele próprio armava a sua, lá estava o titeriteiro, divertindo crianças com seus bonecos, suas marionetes; surpreendendo os adultos com suas pequenas invenções, não perdendo a oportunidade de exercer seus galanteios, estendendo sempre às jovens damas uma rosa vermelha e o desejo de vê-las em outra noite tão bonita quanto aquela.”

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